segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Resumos dos trabalhos selecionados para apresentação



"Platão e Nietzsche – Uma aproximação extramoral" de João Gabriel Farias Lima

   Este trabalho é a concretização prematura de uma aproximação que vem amadurecendo ao longo do curso de graduação. O diálogo entre Platão e Nietzsche. Certamente não pretendemos aqui exaurir o horizonte de possibilidades desse dialogo, pretendemos dirimir certas dificuldades e apresentar um plano de dialogo possível e de certa forma necessário como argumentaremos ao longo do trabalho. O trabalho percorrerá o seguinte caminho:  Logo após a introdução do problema, iremos ir de encontro a primeira e mais óbvia dificuldade que é o “antiplatonismo” de Nietzsche. Seguiremos para examinar uma motivação comum, a crítica a cultura ou espírito agonístico. Examinaremos como a crítica na cultura leva a um problema de linguagem e apresentaremos conclusões acerca destes experimentos.


"Cidadania e cosmopolitismo na antiguidade clássica" de Roberto Torviso Neto


   Este estudo se propõe a refletir acerca da filosofia política no mundo grego e mundo helenístico, considerando as transformações sociopolíticas ocorridas na transição de um período para o outro, sendo o principal deles a crise não apenas da democracia como também das cidades-estados. Nosso intuito, ao desenvolvermos tal análise, é comentar sobre o ideal cosmopolita presente em algumas escolas filosóficas do período helenístico, como o cinismo e estoicismo, enquanto uma alternativa à insuficiência das teorias políticas existentes até então, a dizer, a platônica e a aristotélica. Para tanto, nos serviremos não apenas dos escritos dos filósofos atenienses e da doxografia dos filósofos helenísticos legada por Diógenes Laércio como também faremos uso de historiadores, tanto helenistas, como Claude Mossé e Moses Finley, quanto aqueles que se dedicam à história da filosofia, como Giovanni Reale e Pierre Hadot. 


"A memória e a 'crítica da teoria das ideias' no Parmênides" de Aline Bezerra de Menezes


   No exame do que foi considerado por alguns comentadores como a “crítica à Teoria das Ideias” fomos levados a desenvolver a hipótese de que há uma relação do tema da memória não só com a estrutura da introdução do texto, mas também com seu conteúdo. Tal suposição pode ser reforçada se admitirmos o importante papel desempenhado pela concepção de memória apresentada na Teoria da Reminiscência, nos diálogos Mênon, Fédon e Fedro, para a elaboração da Teoria das Ideias. Os objetivos principais dessa pesquisa são examinar a importância da Teoria da Reminiscência para a sustentação da Teoria das Ideias e investigar possíveis relações entre as aporias da Teoria das Ideias no Parmênides e o tema da memória. 

"O Oráculo de Proclo: o debate em torno do escopo da República" de Antonio Lessa Kerstenetzky 

Como obra mais famosa do corpus platonicum, a República esteve
sujeita, nos seus mais de dois mil anos de vigência filosófica, às
mais divergentes interpretações. O texto em si faz pouco pelo
intérprete – a forma dialógica adotada por Platão não permite ver
claramente as ideias do homem segurando a pena. Um dos debates entre
seus comentadores diz respeito a qual é o escopo deste diálogo: falará
sobre ética ou política? Ou os dois? Como esta comunicação procura
mostrar, a discussão se dá desde pelo menos a época dos intérpretes
neoplatônicos, e os argumentos do debate contemporâneo são
extraordinariamente semelhantes àqueles descritos por Proclo no século
V d.C.


"Necessidade causal em Kant" de German Lourença Mejia


   A motivação principal de nosso trabalho é propor uma reconstrução da prova kantiana da validade do princípio causal como uma resposta ao problema cético formulado por Hume. Nossa reconstrução da prova kantiana do princípio causal geral na Segunda Analogia pode ser resumida nos seguintes passos. Uma vez que nossa experiência é tal que podemos distinguir percepções de eventos de percepções de objetos e perceber algo como um evento inclui observar dois estados como alterações do mesmo objeto onde a ordem temporal dos estados é representada como irreversível. Agora, uma condição que deve ser satisfeita para representamos a ordem temporal de dois estados como irreversível é representarmos o segundo estado como seguindo do primeiro de acordo com uma lei, ou seja, como possuindo uma causa. Portanto, a experiência é possível apenas se todo evento possui alguma causa. Pretendemos, ainda, ilustrar a cogência da prova de Kant mostrando como ela pode resistir a algumas objeções feitas por Schopenhauer.

"Schopenhauer, Kant e Vedãnta" dDaniel Rodrigues Braz

   A motivação principal desta pesquisa é a investigação, em Arthur Schopenhauer, da convergência de duas das influências que foram explicitamente determinantes na constituição de sua filosofia madura: o idealismo transcendental de Immanuel Kant e a doutrina esotérica das Upanishads, escrituras sagradas do povo hindu que constituem as bases “filosóficas” dos Vedas. Partindo do reconhecimento, na Alemanha do século XIX na qual viveu Schopenhauer, de um contexto histórico no qual nasce um vasto campo de estudos sobre sânscrito e as religiões da Índia, tornou-se para nós matéria de interesse entender quais poderiam ter sido as reais influências que a Índia desbravada por este ainda insipiente empreendimento intelectual da academia teria exercido na releitura schopenhaueriana das teses kantianas incorporadas ao seu próprio sistema filosófico. Ora, de modo surpreendente, no prefácio à primeira edição de sua obra capital O Mundo Como Vontade e Como Representação, após exaltar a importância da leitura prévia de Platão e Kant – além de, se possível, dos Vedas – para o entendimento do conteúdo a ser ali exposto, Schopenhauer ousa: “Gostaria até de afirmar, caso não soe muito orgulhoso, que cada aforismo isolado e disperso que constitui as Upanishads pode ser deduzido como consequência do pensamento comunicado por mim, embora este, inversamente, não esteja de modo algum lá contido”. Não seria prudente, pois, ignorar o peso de tal alegação, endossada de diversos modos e em variados momentos ao longo de toda sua obra. Cumpre, assim, para nós, tentar responder a perguntas importantes que daí surgem, tais como: (i) até onde uma tal harmonia entre pensamentos é possível?; (ii) dadas todas as dificuldades hermenêuticas que se podem depreender dos ainda rarefeitos estudos e traduções existentes, no século XIX, das escrituras indianas, que Índia é esta com a qual Schopenhauer dialoga?

"Representação, paradigma e literatura" de Rodrigo Octávio Águeda Bandeira Cardoso


   Uma das principais questões com a qual se preocuparam os filósofos pós-estruturalistas foi a crítica da representação. Isto se deu em consonância com a crítica da metafísica realizada por Nietzsche. Em resposta a este debate, Giorgio Agamben propõe uma reflexão sobre o conceito de paradigma a partir de sua elaboração pelo físico Thomas Kuhn em A estrutura das revoluções científicas, afirmando, ainda, que a arqueologia de Michel Foucault é uma paradigmatologia. Nem indutivo nem dedutivo, o paradigma seria uma forma de conhecimento que remete singularidades a singularidades no regime analógico do exemplo, sem fazer referência a uma totalidade representativa. A literatura, então, poderia ser vista, em sua relação com os enunciados concretos da realidade, como uma paradigmatologia?


"Estética: diferentes conceitos" de Sérgio Rodrigo Macedo de Melo


   O conceito de Estética como o campo de estudo disposto a analisar o que seria o belo e a arte é amplamente conhecido por aqueles que tem o menor interesse pela área. Desde a Grécia antiga, filósofos e críticos de arte, como Arthur Danto e Morris Weitz, se propõem a tentar alcançar esta definição ou mesmo defender a sua impossibilidade. A proposta deste trabalho, porém, não é a de mais uma vez dissecar este conceito para tentar defini-lo, mas justamente chamar a atenção para um outro uso que é atribuído ao conceito de Estética, principalmente pelo filósofo Friedrich Nietzsche e pelo movimento histórico conhecido como Romantismo Alemão.

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